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Desvendado o mistério da cor azul medieval conhecida como folium

23 abril 2020 | by mbaptista | categories : Notícias

De todos os corantes utilizados em manuscritos medievais, o azul conhecido por folium permanecia um mistério por identificar. Agora, resultado de uma pesquisa desenvolvida desde há dez anos, uma equipa interdisciplinar de investigadores portugueses conseguiu confirmar a sua origem e descobrir a estrutura molecular desse corante. Esta descoberta, já anteriormente tentada sem sucesso por equipas de outros países, é muito importante para efeitos de conservação em obras de arte que o poderão ter usado, como os manuscritos iluminados.

Chrozophora tinctoria

folium, de cor azul ou púrpura, é descrito em tratados antigos sobre a preparação de corantes, como é o caso do famoso Livro de como se fazem as cores (manuscrito judaico-português existente na Biblioteca Palatina, em Parma, o Ms  1959), e de testemunhos do séc. XIX, quando o corante ainda era utilizado, por exemplo, para dar a cor púrpura ao queijo holandês. O corante era recolhido dos frutos da Chrozophora tinctoria, sem esmagar as sementes, e conservado em trapinhos que depois eram molhados para dar a tinta.

Frutos da Chrozophora tinctoria

Seguindo as receitas antigas, a equipa portuguesa repetiu o processo a partir de frutos da Chrozophora tinctoria colhidos na zona da Granja (Mourão), um dos lugares de Portugal onde é uma espécie autóctone.  Depois, com os sofisticados meios tecnológicos atuais, foi identificada a molécula a que chamaram Crozoforidina, do nome da planta que está na sua base.

Corante extraído da Chrozophora tinctoria

Conheça toda a história desta investigação e seus pormenores técnicos, agora publicada na revista Science Advances e noticiada no Público.

Fot. Inicial de Duarte Belo; restantes imagens cedidas pela equipa do projeto.